O resultado da enquete não surpreende.
O julgamento sempre será um assunto polêmico pelo simples fato de ser uma avaliação SUBJETIVA. Não é como nos esportes de cronômetro, em que o tempo é um critério OBJETIVO.
Em qualquer esporte de performance, a opinião de alguém sempre estará sujeita à divergências. Por mais que existam parâmetros, regras e diretrizes no regulamento, SEMPRE haverá discordância. No futebol, por exemplo, o gol, que determina o placar da partida, é objetivo, porém o que o juiz entende como falta para marcar um pênalti, já é subjetivo, e todo mundo sabe quantas polêmicas existem sobre isso. Enfim, deu pra entender (e se conformar), né?
Toda história tem dois lados, e acho que aqui não é diferente. Minha opinião é de que há duas perspectivas sobre esse assunto. Tudo que se fala sobre isso pode ser encaixado em um desses dois grandes grupos.
Um grupo é o da turma da desculpa, que mete o pau no julgamento mas:
Não sabe regulamento; ou
Tem complexo de inferioridade ou mania de perseguição; ou
Não faz uma auto avaliação da qualidade da sua performance e do seu programa de treinamento para reconhecer onde errou, para melhorar;
Precisa de um culpado pra justificar pros clientes ou amigos porque não ganhou; e/ou
Faz barraco e tem comportamento antidesportivo nas provas em relação aos juízes.
De outro lado, há indícios de que temos sim uma situação preocupante no quesito julgamento, e que revelam problemas intrínsecos da modalidade, uma vez que:
O quadro de juízes é muito pequeno em número de jurados aptos, ativos e disponíveis para julgar todos os eventos oficiais e de núcleos;
Temos visto erros de julgamento frequentes, e não estou falando de qualidade de manobra, mas de penalidades claras que deixaram de ser anotadas. Ainda que digam que isso não tem afetado o resultado final, seria ingênuo dizer que não afeta a credibilidade dos juízes;
Para espanto de alguns e não tanto de outros, cada vez mais se ouve falar nas rodas de conversa sobre um predisposição real de jurados ao favorecimentos de competidores em nível comprometedor. Quero crer que isso seja só falácia de quem está no primeiro grupo dos insatisfeitos e inconformados, mas é algo extremamente preocupante.
Uma outra situação muito comum é que os melhores profissionais e amadores tenham uma complacência maior dos juízes quanto aos seus erros, e uma simpatia maior deles pelos seus acertos. Não só aqui, nos Estados Unidos também. Ainda essa semana falamos sobre isso aqui em casa assistindo ao Cactus Reining Classic. Um cavaleiro top fazendo uma prova ok e recebendo uma nota top, enquanto um cavaleiro menos top fazendo uma prova ok e recebendo uma nota ok. E vida que segue.
Mas essa situação é um pouco diferente dos rumores relatados acima, em que o suposto favorecimento teria o objetivo de agraciar de modo geral uma pessoa em detrimento de todas as outras para que aquela se sobressaia. Enfim, rádio peão corre.
De fato é uma situação frustrante em muitos aspecto, e o impacto é relevante na indústria. Desmotiva profissionais, desencoraja amadores. Estes desistem do esporte, param de investir, vão procurar um hobby menos estressante. Aqueles perdem clientes e cavalos, o sustento fica difícil, a autoestima arrasada, se questionam se estão na profissão certa.
Para a primeira situação, fica aqui minha sugestão para que leiam, releiam e “treleiam” a Dica nº 5 do Zane Davis. Vale não só para aspirantes a treinadores mas para todos os competidores.
Para a segunda situação, não sei qual seria a solução. Mais clínicas? Mais supervisão? Mais treinamento? Alguma punição por falhas sucessivas? Confesso que não sei…
Em qualquer caso, a única coisa que eu aconselho é sempre ter calma ao ouvir sua nota e manter a postura ao sair da prova. Porque a nota pode ser que não mude (muito provavelmente não mudará), mas o que você fizer ou dizer sempre vão lembrar.
Perfeita Colocação!