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  • Foto do escritorKaroline Rodrigues

As recentes alterações nas regras de importação da ABQM e seus reflexos

Atualizado: 29 de dez. de 2020

Em 27/09/2017 foi aprovada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (“MAPA”) a 13a Edição do Regulamento do Serviço de Registro Genealógico do Cavalo Quarto de Milha (“Regulamento ABQM”).


Essa edição, vigente desde 01/01/2018, alterou a regra de enquadramento de animais com idade inferior a 36 (trinta e seis) meses sem campanha própria. A alínea “E” do Anexo I do Regulamento ABQM passou a determinar que esses animais podem ser importados dispensada a campanha própria, desde que seu pai e sua mãe sejam ganhadores ou produtores, ambos NA MESMA MODALIDADE.


Parece-me que isso vai no sentido contrário das práticas mundiais de criação, seleção e evolução de cavalos de Working Cow Horse. Entendo que isso se aplica também a outras modalidades.


As competições de Working Cow Horse promovidas pela NRCHA para cavalos de até 5 ou 6 anos (Limited Age Events, como o Snaffle Bit Futurity, o Derby e o Stakes) são compostas por 3 eventos diferentes: Rédeas, Apartação e Cerca. O mesmo cavalo deve competir nos 3 eventos e as notas de cada prova são somadas para compor a nota final. É a única modalidade Western que reúne várias disciplinas numa prova, e que, na sua essência, exige do cavalo diversas habilidades para que tenha um bom desempenho nos 3 eventos.


A combinação de diferentes linhagens, inclusive de diferentes modalidades, é prática extremamente aceitável, viável, comum e principalmente comprovadamente eficiente entre os criadores de determinadas modalidades, a exemplo do Tambor, Ranch Sorting, Laço e o próprio Working Cow Horse, que buscam o melhoramento genético com foco na performance, uma vez que o objetivo é perpetuar e ressaltar determinadas características desejadas para cada modalidade.


A título de exemplo, no Snaffle Bit Futurity da NRCHA de 2018, dos 27 finalistas da categoria Aberta, 9 eram filhos de Metallic Cat, e 1 era filho de Not Ruf At All. (Resultados disponíveis na página da NRCHA: http://nrcha.com/show-results/).


Metallic Cat foi ganhador do Futurity, Cavalo do Ano e Hall da Fama da National Cutting Horse Association (“NCHA”), além de ser o segundo garanhão com mais ganhos na história da NCHA com US$637,711 (números defasados, pois são de dezembro, quando comecei a rascunhar esse texto). Ou seja, é um garanhão, essencialmente, de Apartação.


Ruf Cut Diamond, finalista do NRCHA Snaffle Bit Futurity, treinado e apresentado por Todd Bergen

Por outro lado, Not Ruf At All é o mais recente Tríplice Coroado da National Reining Horse Association (“NRHA”), com ganhos de US$456,501, com a primeira geração estreando em 2018. É, essencialmente, um garanhão de Rédeas.


Em outras palavras, a modalidade de Working Cow Horse é uma disciplina equestre que demanda, em caráter permanente, as características e habilidades de diversas modalidades, uma vez que é composta por várias delas desde sua origem.

Grandes cavalos de Rédeas, pelo regulamento atual, também não poderiam entrar no Brasil por conta dessa “multidisciplinariedade” genética.


No entanto, as Condições Para Importação atuais vão na contramão das práticas internacionais que visam o desenvolvimento e garantem o alto rendimento do Working Cow Horse, e de outras modalidades. Um minuto de silêncio para essa regra…



Existem cavalos adquiridos nos EUA antes da publicação do novo Regulamento ABQM (cerca de 15) que atendiam a todas as disposições antigas, não só do Working Cow Horse mas de outras também, e que agora não podem mais entrar no Brasil.


Segundo relatos de criadores nessa posição, a ABQM informou que está em tratativas com o MAPA para editar as Condições Para Importação para resolver o impasse até o final de abril. Mas a cada mês que passa, o impacto negativo e os prejuízos financeiros (por exemplo, de despesas na quarentena, lucros cessantes na reprodução) causados a investidores tendem a abalar ainda mais a confiança do mercado.


Seguimos esperançosos para que a ABQM se entenda de uma vez por todas com o MAPA. Há de dar certo!

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